O teletrabalho é sustentável ecologicamente: o trabalho se desloca, o teletrabalhador não;
Mesmo em condições climáticas adversas, o teletrabalhador pode continuar trabalhando;
O teletrabalho utiliza o fuso horário como vantagem competitiva: Dublin - Nova York;
O teletrabalho pode ser desenvolvido de forma móvel, pode ser utilizado nas prisões;
O teletrabalhador pode ser deficiente físico ou qualquer pessoa que esteja impossibilitada de se deslocar;
O teletrabalho pode ser flexível em tempo e espaço, mas quem teletrabalha deve se sentir feliz, por teletrabalhar!
CONCEITUAÇÃO


5.1 - O que é TeleTrabalho

As conceituações sobre TeleTrabalho são variadas e se encontram em processo de formação evolutiva, não existindo um consenso, por parte dos estudiosos do assunto, no que tange a uma definição precisa e, se possível, generalizada. As divergências mais específicas ocorrem em relação à utilização ou não de tecnologias de informação e comunicação e na periodicidade da quantidade de horas/mês despendidas em atividades que são desenvolvidas fora do escritório tradicional. Optei por adotar a utilizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) que define como a forma de trabalho efetuada em lugar distante do escritório central e/ou do centro de produção, que permita a separação física e que implique o uso de uma nova tecnologia facilitadora da comunicação.

5.2 - Como se TeleAdministra

As novas formas de organização do trabalho em TeleTrabalho exigem, por parte dos administradores das organizações, adotar procedimentos diferentes aos utilizados anteriormente, em relação ao local, horário de funcionamento e, conseqüentemente, ao estilo de administração.

As transformações tecnológicas que interligam nossos locais de trabalho requerem flexibilidade no modo de organizar o trabalho e administrá-lo. Para que as pessoas mudem suas maneiras de trabalhar, os gerentes terão que mudar a maneira como gerenciam.

O importante na adoção do TeleTrabalho, segundo Motta, é a mudança no estilo administrativo: as inovações tecnológicas acarretam modificações profundas nas estruturas sociais com reflexos no funcionamento das organizações. Nilles vai além dizendo que uma das questões centrais do gerenciamento do TeleTrabalho é a mudança de prioridades. Ao invés de pôr em foco o número de horas trabalhadas, dá-se mais atenção a questões ligadas ao desempenho. O verdadeiro segredo do TeleTrabalho bem sucedido está na confiança mútua estabelecida entre o gerente e seu subordinado. Porém, grande parte das empresas que adotam o TeleTrabalho ainda continuam amarradas aos mecanismos clássicos de controle: supervisão da presença física e do tempo utilizado pelo trabalhador. Este mecanismo baseia-se em dois tipos de controles: regras (o que fazer) e observação visual do processo de trabalho (como fazer). O teste eficaz para avaliar a produção do funcionário é o resultado.

A prática organizacional costumava determinar que o trabalho da maior parte da organização fosse descrito e definido, portanto, cuidadosamente monitorado e controlado. Kulgelmass afirma que na economia do conhecimento o tempo é flexível e o ritmo próprio substitui a velha necessidade da sincronização de massa. Ao permitir que seus funcionários empreendedores, criativos e intuitivos, se autogerenciem, as empresas terão um TeleTrabalhador mais produtivo e sua revitalização ocorrerá de dentro para fora.

5.3 - Como se TeleOrganiza (flexibilidade de espaço)

Centros Comunitários - são microcentros de trabalhos remotos que oferecem espaço e recursos para os empregados (de um só ou diferentes empregadores) que vivem dentro de uma área contígua, restrita;

Centros Locais - abrigam pessoas que trabalham para diferentes empregadores que formam uma parceria para estruturar e manter as instalações de trabalho remoto. Esse tipo de Centro tem tido problemas de segurança. As empresas convidadas a participarem de um centro de trabalho cooperativo temem que seus dados confidenciais tornem-se vulneráveis. Na Suécia há regras que proíbem duas empresas do mesmo ramo de participarem ao mesmo tempo do mesmo centro;

Centro Satélite ou Centro de Teleserviços - descreve um centro de trabalho remoto que abriga pessoas trabalhando para um só empregador. Os centros satélite são uma aplicação nova para uma velha tendência `a descentralização. Nos Estados Unidos, a Pacific Bell opera centros de trabalho satélite em San Francisco (para evitar o congestionamento do transporte para a matriz localizada no outro lado da Baía de San Francisco). Outra empresa americana, com sede em Los Angeles, transferiu seu pessoal de escritório, que trabalhava na matriz, para uma operação satélite. Estes centros se diferem dos escritórios tradicionais, pois existe uma preocupação com a geografia da cidade na escolha destes em harmonia com a localização das residências dos seus TeleTrabalhadores, que trabalham juntos, não porque exercem uma mesma função dentro da Empresa e, sim, porque moram próximos.

Domicílio, Residencial ou Home-Office - é o trabalho que é desenvolvido na própria residência do trabalhador. Ligados a uma base de dados, trabalhando em casa e comunicando-se com o escritório por meio de fax ou computador.

Escritórios Turísticos - utilizados por empresas japonesas e canadenses, são localizados em áreas bem procuradas para férias. Abrigam profissionais, às vezes suas famílias, sempre com seus grupos de trabalho, de duas a quatro semanas. Aí, suas atividades misturam trabalho e recreação; muitas vezes um grupo fica no hotel desenvolvendo um projeto. O escritório turístico oferece um escape ao stress causado pelo trabalho.

Escritórios Virtuais - são escritórios que funcionam logicamente como um escritório, com recursos telemáticos, podendo ser móveis ou fixos.

Hoteling - utilização espacial onde os empregados podem reservar espaços na workstation de um escritório tradicional, uma mesa ou uma sala de reunião, etc. Hoteling é a forma de reservar espaço, muito semelhante a uma reserva de um quarto em um hotel, muito utilizado em empresas de auditoria externa e consultoria;

Móvel - trabalho que é efetuado em pequenos períodos de tempo, em locais às vezes móveis, como por exemplo, bicicletas, carros, hotéis, aviões, clientes de uma forma geral, etc., utilizando recursos telemáticos também móveis: laptops, telefone celular, impressoras, etc...

Telecabanas - são utilizadas com as mais variadas finalidades: áreas rurais carentes de empregos, locais bem distantes do empregador, que servem para conseguir uma força de trabalho que de outro modo não conseguiria contatar, gerar novos empregos onde eles são necessários, aproveitar o preço mais baixo da terra, da mão-de-obra e de moradia para os empregados. Hoje as telecabanas funcionam na Noruega, Japão, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Austrália, Benin, Índia, Indonésia, Nigéria, Papua, Nova Guiné, Sri Lanka, Suécia, Tanzânia. Nos Estados Unidos, muitas empresas montaram telecabanas. A empresa Norrel Company, uma agência de emprego temporário, abriu cabanas em Atlanta, Geórgia e MemphisTennessee. As empresas, individualmente ou em conjunto, estão abrindo centros tecnologicamente avançados de emissão de faturas, preenchimento de dados e de cartões de crédito no centro-oeste, onde a terra e os imóveis são mais baratos, existe mão-de-obra disponível e os salários são mais baixos. Não se trata de cabanas no sentido físico; são empresas de porte médio e grande;

Telecottage - é uma estrutura criada muitas vezes por iniciativa da administração pública ou da comunidade, para facilitar o acesso ao trabalho, tecnologia e treinamento dessa mesma comunidade local. Iniciou-se na Suécia, mas hoje existe uma grande quantidade de telecottages, principalmente na Europa e Japão. Só no Reino Unido existem cerca de 200 telecottages.

5.4 - Quais as Vantagens do TeleTrabalho

           5.4.1 - Para o TeleTrabalhador

           Aumento da produtividade: está comprovado que o TeleTrabalhador precisa de menos tempo para produzir, em casa, o que produziria no escritório;

              Diminuição do stress: o TeleTrabalhador não necessita deslocar-se para o trabalho, portanto, além de ganhar tempo que antes era gasto em deslocamento, diminui a tensão provocada pelo mesmo;

              Ausência de competição, diferente de um ambiente convencional, competitivo, o TeleTrabalhador não necessita conviver face a face com pessoas indesejadas, nem em clima de competição;

              Desenvolvimento das atividades: pode muitas vezes ser ditada pelo próprio bioritmo do trabalhador; ele pode estabelecer o melhor horário e ritmo para o desenvolvimento do seu trabalho;

              A quantidade de interrupções e interferências em casa é menor que no ambiente de um escritório convencional;

              Ambiente domiciliar propicia ao TeleTrabalhador uma maior capacidade de concentração;

              Muitas vezes o acesso é mais rápido ao computador central: durante períodos de baixa atividade na empresa, quando o compartilhamento de recursos diminui (menos usuários utilizando o sistema);

              Devido aos critérios de avaliação, por parte da gerência de se basear em resultados, o TeleTrabalhador se sente menos pressionado durante o desenvolvimento de suas tarefas; pois, deste modo, pode desenvolver as atividades de maneira mais autônoma e independente;

              Conhecimento mais explícito do conteúdo do trabalho e produção;

              Maior flexibilidade na escolha de sua residência, desvinculando-a da localização física de sua empresa;

              Melhoria da qualidade de vida em família;

              Maior opção de organizar o tempo livre;

              Redução de custos com alimentação, vestuário e deslocamento;

              Retorno mais rápido depois de uma licença médica;

              Aumento do número de empresas em que o trabalhador pode oferecer o seu trabalho;

              No caso de um trabalhador ser um portador de deficiências físicas, que impliquem em dificuldade de deslocamento, é um novo mundo de perspectivas profissionais que se abre para ele.

           5.4.2 - Para a Empresa

           Redução de custos imobiliário e pessoal: verifica-se uma diminuição do espaço do escritório necessário, com reflexos em todos os custos inerentes ao funcionamento dele. Bueno cita estudos americanos, segundo os quais a redução de custos da empresa, quando o funcionário passa a trabalhar em sua residência, pode chegar a 30% do gasto médio mensal por trabalhador, caindo de US$ 20,000 para US$ 14,000 anuais. Só para exemplificar, a Ernest Young (Nova York), reduziu seu espaço físico de 35 para 28 mil metros quadrados e instituiu um programa de hotelaria;

              Diminuição do absenteísmo por parte dos empregados: a grande variedade de doenças e outros impedimentos físicos são suficientemente graves para impedir o TeleTrabalhador de ir ao escritório, mas não tão graves que não possa trabalhar em casa;

              Maior alcance na seleção de TeleTrabalhadores, em decorrência do acesso a trabalhadores de mercados globais;

              Oportunidade da empresa operar 24 horas globalmente;

              Maior identificação e enfoque com a comunidade;

              Em casos de catástrofes que não impliquem em bloqueio de telecomunicações, as atividades desenvolvidas pelos TeleTrabalhadores não são descontinuadas;

              Maior agilidade no funcionamento da Empresa, em relação ao mercado;

              Aumento da flexibilidade organizacional: a flexibilidade, quer horária ou geográfica, permite uma maior capacidade de resposta por parte da empresa, em situações de emergência;

              Menor rotatividade de pessoal, diminuição de problemas pessoais;

              Grande abrangência de tarefas para a sua aplicação.

           5.4.3 - Para a Sociedade e Governo

           Geração de empregos, devido `a possibilidade de implementar projetos que viabilizem atender mercados globais;

           Diminuição de congestionamento nas cidades;

           Redução da poluição, com a diminuição do tráfego e congestionamento, possibilitando uma melhoria da qualidade do ar;

           Redução de consumo de combustível e energia;

           Maior utilização de mão-de-obra de deficientes físicos;

           Maior utilização de mão-de-obra incapacitada temporariamente;

           Maior quantidade de empregos em áreas rurais;

           Maior alcance para oferecimento de seus serviços, através do acesso ao mercado global;

           Diminuição nos valores dos imóveis praticados pelo mercado imobiliário: a possibilidade de os trabalhadores viverem fora das grandes cidades, irá diminuir a procura por habitação em zonas urbanas, com a conseqüente redução dos preços dos imóveis.

              5.5 - Quais as Desvantagens

              Neste subitem só apresentaremos as desvantagens detectadas para os TeleTrabalhadores e empregadores, tendo em vista que não foram identificadas desvantagens para o Governo e Sociedade de um modo geral.

           5.5.1 - Para o TeleTrabalhador

           Isolamento social. Rifkin cita que para ajudar a aliviar o trauma psicológico que acompanha o rompimento espacial, empresas como a Olivetti Research Laboratory, em Cambridge, Inglaterra, estão fazendo experiências com computadores que permitem que até cinco pessoas conversem e trabalhem juntas, numa visão eletrônica da comunicação pessoal. Cada tela do monitor é equipada com cinco janelas separadas, para que os participantes possam ver-se uns aos outros, enquanto compartilham informações e trabalham em conjunto. Com computadores de mesa acoplados a monitores de vídeo, as empresas esperam resgatar parte da flexibilidade e do calor humano perdido com a comunicação eletrônica.

             Oportunidades de carreira reduzidas;

             Aumento dos custos relacionados ao trabalho em casa, se a empresa não arcar com eles;

              Em caso de cortes na Empresa, maior probabilidade de ser demitido. Está comprovado que os TeleTrabalhadores correm muito mais risco de serem demitidos, devido a falta de envolvimento emocional com o nível hierárquico superior;

              Falta de lei específica para tratar toda a relação complexa do TeleTrabalho.

           5.5.2 - Para a empresa

           Falta de lealdade para com a empresa: alguns empregadores alegam que o TeleTrabalho não retém o empregado na empresa. As pesquisas mais atuais já começam a provar o contrário

           Objeções por parte de alguns sindicatos;

            Aumento de vulnerabilidade em relação aos dados e recursos da Empresa;

            Aumento de custos a curto prazo, em relação à infra-estrutura necessária de uma administração/execução de tarefas remotas;

             Falta de leis específicas que definam o funcionamento do TeleTrabalho;

             Contratos diversificados de trabalhos para administrar;

             Sob o aspecto técnico, softwares muitas vezes incompatíveis; fornecedores diferentes;

             O desenvolvimento do trabalho é fortemente dependente de tecnologia.

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